sexta-feira, 4 de abril de 2008

Aumento de CO2 destrói defesas das plantas contra os insectos

O dióxido de carbono (CO2) diminui as defesa químicas habituais das plantas contra os insectos que se alimentam das suas folhas, segundo um estudo publicado na semana passada (23/03/2008-30/03/2008), realizado pela Proceedings of the National Academy of Scientes.

Esse estudo resultou de um trabalho pioneiro desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Illinois, liderado por Mary Berenbaum e realizado num laboratório a ar livre, possibilitando a exposição de uma área de plantação de rebentos de soja a diferentes níveis de CO2 e ozona da atmosfera, mas estando ela susceptível a outros factores, como a precipitação e os insectos.

Já se sabia que o CO2 acelera a fotossíntese e a proporção dos carboidratos relativamente ao azoto nas plantas mas o que se queria saber era o impacto causado sobre os insectos que se alimentam das mesmas.



Para isso, expuseram uma cultura de rebentos de soja a elevados niveis de CO2. No fim verificaram que as plantas em investigação foram mais devoradas do que as outras em condições normais, pois tinham atraído muito mais insectos (ex.: pulgões). Segundo os investigadores as lagartas e outras larvas precisam de azoto para crescer, mas insectos já adultos conseguem sobreviver e prociar com uma alimentação baseada em carboidrato, explicando a sua preferência pela plantação em estudo.

Ainda dentro desta realizou-se um estudo que observavam os besouros em três áreas de plantação diferentes, expostas a meios diferentes: uma com CO2 elevado e s outras duas com CO2 baixo mas numa delas com o nível de carboidrato reforçado artificialmente.

Os da primeira área sobreviveram mais tempo, consequentemente puseram mais ovos do que os das outras duas.

Depois analisaram as vias de sinalização hormonais, focando o mecanismo de defesa da planta. Quando o insecto começa a comer as folhas, os rebentos de soja e outras plantas produzem uma hormona (ácido jamónico) que faz disparar uma cadeia de reacções químicas para aumentar as suas defesas. Normalmente, neste processo é produzido em níveis elevados um composto chamado inibidor da protease, e quanto este é ingerido pelos insectos, a sua capacidade de digerir folha é inibida.

"Este estudo demonstra que as alterações globais do ambiente são multifacetadas", aponta Berenbaum. "O impacto dos níveis elevados de dióxido de carbono ao nível da capacidade de resposta aos ataques de insectos é aumentado pela presença de pestes invasivas nos campos de soja. Os besouros-japoneses, como o próprio nome indica, têm uma presença relativamente recente nesta plantação de rebentos de soja em Illinois. Estão a provocar estragos consideráveis e o que este estudo sugere é que a sua capacidade para destruir plantações vai continuar a aumentar ao longo do tempo", assinala.



Fonte: "Ciência Hoje"


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